terça-feira, 5 de maio de 2020

“ O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete”. Aristóteles (Filósofo grego)




Neste ensino à distância, há alunos que são mais rápidos que outros na resolução de tarefas e, então, estão sempre dispostos a aceitar outros desafios mais criativos. Este desafio consistiu na passagem de um texto dramático, de António Gedeão, “ A história breve da Lua”, para um texto narrativo. Eis aqui a proposta da Íris Andrade, aluna do 8ºE. Obviamente que este texto foi aperfeiçoado, no que diz respeito aos aspetos da pontuação e algumas construções frásicas sintaticamente menos corretas. Porém, o que contou mesmo, foi o trabalho de criação e o confronto com o desafio! Parabéns à Íris Andrade do 8º E.



A Ignorância é triste!


Vou contar-vos uma história que espero que vos agrade. A história não tem idade, vem de tempos muito antigos! Era eu ainda muito pequena, mas recordo-me muito bem!
 Numa noite muito serena, ao colo da minha mãe, olhávamos pela janela, o firmamento. No profundo céu estrelado, via-se a Lua! Estava tão cheia que parecia um balão prateado! A Lua estava manchada e eu, na minha inocência de criança, perguntei à minha mãe:
— Mãe, já viste a Lua como está suja? Parece que tem uma coruja, uma vaca... Gostava de a ver ao perto. — A minha mãe ri docemente!
  De que te ris, mãe?
  Rio-me do que te passa pela cabeça!
  Não é nada do que estás a pensar- diz-me a minha mãe que sabia e sabe tudo!
Então, sempre bondosa e amiga, começou a contar-me a história da lua. Disse-me que, há muitos, muitos, muitos anos, a Lua se apresentava sempre  polida, branquinha, macia e nua. Mas, um dia, tudo mudou, quando um pobre camponês foi apanhado pelo Senhor do Mundo, num domingo, a apanhar lenha. Caminhava curvado, devido ao peso do molho de lenha, e lamentava-se da sua vida triste e miserável. O Senhor do Mundo, sem piedade, amedrontou-o  e ameaçou-o, dizendo-lhe que tinha a semana toda para trabalhar e que o domingo era para descansar. O pobre homem implorou ao Senhor do Mundo que tivesse compaixão dele, porém, o Senhor do Mundo foi implacável e castigou-o severamente, colocando-o eternamente na Lua, para lembrar que toda a gente  deveria respeitar o dia de descanso, o domingo.
A minha mãe segredou-me, depois, que tudo aquilo foi inventado e que só acreditava nessa história quem fosse ingénuo e inculto. Disse-me que, já no seu tempo, na sua aldeia, havia quem acreditasse cegamente nessa história. Havia, porém, dois senhores que entravam em discussões acesas a propósito dessa história: o Srº Agapito a quem o Srº Jerónimo, que era muito casmurro, tentava convencer.
Um dia, um sábio, ao ouvir uma brutal discussão entre o Srº Agapito e o Srº Jerónimo, riu-se e resolveu acalmar os ânimos:
  Ora vivam, meus senhores! Pareceu-me que discutiam qualquer coisa sobre a lua... O Sr Jerónimo, com um olhar parvo, respondeu:
  É Verdade! O meu vizinho Agapito é tão burro que até me enerva!
Nesta altura, em que cada um estava metido na sua casmurrice, o sábio, sensato, sempre duvidoso e astrónomo, achou por bem acabar com aquele dilema:
— Bem, eu conheço muito bem o mundo celeste, mesmo havendo sempre coisas novas a descobrir! Por isso, vou acalmar-vos com a minha pouca sabedoria. Montou o seu óculo num tripé, com lentes de feitios especiais.  Depois de tudo preparado, sempre com o Srº Agapito e o Srº Jerónimo espantados com tamanha tecnologia,  dispôs-se a fazer demonstrações, colocando a sua sabedoria em prática. De repente exclama:
— Cá está ela! Cá está ela! A Lua dos meus amores! Venham vê-las, meus senhores, e digam-me se não é bela! Convidou, então, o Srº Jerónimo a espreitar pelo óculo, porém, ele não aguentou de emoção e  quase desmaiou! Passou, então,  o óculo ao Srº Agapito que,  espantado, observava a Lua. O Sr Jerónimo, impaciente, pergunta-lhe se consegue ver o tal homem. O Srº Agapito dá-lhe o óculo e manda-o procurar. Incrédulo, o Srº Jerónimo diz que só vê covas e mais covas.
Perante a constatação do Srº Jerónimo, o astrónomo resolveu partilhar o seu conhecimento com os senhores campestres. Disse ao Srº Jerónimo que, na verdade, a opinião daquilo que ele via não estava longe da verdade. Disse-lhe que, realmente, a superfície da lua era imensa e estava cheia de altos e baixos com montanhas e crateras. Então, o Sr Jerónimo, parvamente,  pergunta-lhe, então, se, por acaso, lá tem uvas aos cachos e feras nos buracos.  O astrónomo, sabiamente, compara a lua a uma barca perdida nos espaços siderais,  dizendo-lhe que a Lua não tem água nem tem ar, só tem rochas. O Srº Jerónimo, então,  como quem já sabia tudo, perguntou ao astrónomo se tinha luar. O astrónomo uma vez mais, pacientemente e rasgando um sorriso, responde-lhe que a Luz da Lua vem do sol, quando bate nela, como se a luz incidisse, batesse e se refletisse nos vidros de uma janela. Acrescentou que essa luz que o Sol lhe dá, quando bate nas montanhas e nas crateras tamanhas e não notamos de cá, ganham formas que parecem formas de homem, mas que não passam de coisas inventadas.
O Srº Agapito, vaidoso, dirige-se ao Srº Jerónimo e pergunta-lhe quem tinha razão afinal. Jerónimo, abanando a cabeça e torcendo o nariz ainda duvidoso e teimoso, responde a Agapito que tudo não passam de mentiras, patranhas. Perante tanta casmurrice e insistência na ignorância, o astrónomo fez uma exemplificação usando um casaco, suspendendo-o pela gola. Simulou que o casaco era uma montanha banhada pelo Sol. Desta simulação, provou que se viam sombras que eram as deles, mas que, na verdade, eram as da montanha representada pelo casaco.
O Srº Jerónimo, mesmo perante esta demonstração, continuou casmurro e desconfiado, não por não acreditar, mas sim por não querer perder a razão. O Sr Agapito, porém, elogiou a sabedoria do astrónomo, dizendo-lhe que gostaria de saber o que ele sabia. O astrónomo, humildemente, respondeu-lhe:
  Todo o tempo é de aprender desde a hora do nascer até que a vida se acabe.
Deu, assim, uma grande lição de humildade a todos aqueles que acham que já sabem tudo, disse-me a minha mãe, tentando ensinar-me que a humildade é uma atitude nobre que nos leva a querer aprender mais e mais. Assim, ainda hoje e para sempre, carrego comigo esta lição!

Íris Andrade- 8ºE


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